Depósitos de Cálcio no Ombro - Tendinite Calcária
Leonardo Cavinatto
O que é a Tendinite Calcária?
Tendinite calcária é uma doença caracterizada pelo acúmulo de depósitos de cálcio (hidroxiapatita) na região dos tendões do manguito rotador do ombro.
As calcificações acometem principalmente mulheres entre 30 e 60 anos de vida, mas também podem acometer os homens e outras faixas de idade. Os depósitos de cálcio, dependendo da fase em que se encontra a doença, pode não causar sintomas ou ser extremamente doloroso.
Qual a causa dos depósitos de cácio?
Na maioria da situações, não se sabe ao certo a causa da formação dos depósitos de cálcio, mas acredita-se estar envolvida com um processo degenerativo do tendão, ou relacionado a uma menor vascularização regional. Sabe-se, no entanto, que a os depósitos de cálcio nos tendões não estão relacionados com a ingestão ou suplementação de cálcio na dieta e também não tem relação com quedas ou acidentes.
Como se comporta a doença e quais são os sintomas?
A doença, basicamente, está dividida em 2 fases.
Na primeira fase, o cálcio é formado e depositado no(s) tendão(ões). Envolvendo os depósitos de cálcio, há um tecido fibrocartilaginoso que o "isola" do meio ao seu redor, deixando-o invisível aos mecanismos de defesa do corpo humano. Nesta fase, enquanto os depósitos de cálcio encontram-se isolados (o que pode durar um período variável de tempo), o paciente não apresenta sintomas ou apresenta sintomas apenas de leve intensidade, podendo ser confundido com uma bursite ou tendinite. É a chamada fase crônica da doença.
Eventualmente, por alguma razão que também não é totalmente conhecida, o cálcio que até então estava depositado no tendão gerando poucos sintomas, é enfim reconhecido pelo organismo como um “ corpo estranho”, e uma reação inflamatória intensa se instala. Esta reação inflamatória atua reabsorvendo o cálcio do tendão, mas também é acompanhada de bastante dor e desconforto. Esta é a segunda fase da doença, a fase aguda.
Como fazer o diagnóstico da tendinite calcária?
Os depósitos de cálcio podem ser diagnosticados através de radiografias simples do ombro. Para se ter um conhecimento mais exato da localização e extensão dos depósitos, além de diagnosticar eventuais lesões associadas, solicita-se frequentemente o exame de ultrassonografia ou o de ressonância magnética.
Qual o tratamento dos depósitos de cálcio?
Inicialmente, o tratamento da tendinite calcária deve ser sempre conservador, consistindo de analgésicos, antiiflamatórios, compressas de gelo e fisioterapia. Isto porque aproximadamente 75% dos paciente vão melhorar somente com essas medidas.
Para os 25% dos paciente que não melhoraram com as medidas iniciais, pode-se optar por uma das seguintes modalidades terapêuticas: a) lavagem por agulha guiada por ultrassonografia (procedimento de barbotagem), b) o tratamento com terapia de ondas de choque e c) cirurgia.
Na lavagem por agulha guiada por ultrassonografia, após a aplicação de uma anestesia local, os depósitos de cálcio localizados no interior do tendão são identificados através da ultrassonografia, perfurados e lavados com soro fisiológico, utilizando-se de uma agulha de médio calibre. Este procedimento, realizado em ambiente ambulatorial (consultório médico ou sala de exame), é geralmente bem tolerado pelo paciente, trazendo alívio das dores em até 48 horas. Por ser um procedimento bastante efetivo (estudos mostram aproximadamente 80% de bons resultados), minimamente invasivo e bem tolerado pelos pacientes, é uma excelente opção de tratamento a ser realizado quando as medidas iniciais não surtem efeito.
Outra opção de tratamento é a terapia por ondas de choque. Nesta modalidade, um ou mais ciclos de pressão pulsátil direcionados nos depósitos de cálcio são aplicados no ombro do paciente. As ondas de choque são caracterizadas por terem um alto pico de pressão e curto período de duração. Elas atuam quebrando os depósitos de cálcio e favorecendo sua absorção pelo organismo. Apesar de tal procedimento apresentar uma boa efetividade (ao redor de 50% a 70%), ele pode ser bastante doloroso, oneroso para o paciente e precisar de 2 ou mais aplicações.
Por fim, quando as outras modalidades de tratamentos conservadores ou minimamente invasivos não surtiram efeito, ou ainda quando múltiplos tendões do manguito rotador estão envolvidos, a cirurgia está indicada. Via de regra, a cirurgia realizada é a artrosocopia de ombro, uma técnica pouco invasiva ao qual o ombro é acessado através de incisões de 1 a 2 cm. A tratamento cirúrgico é aquele com mais efetividade, sendo resolutivo em mais de 90% dos casos.