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Médico Ortopedista, especialista em ombro e cotovelo. Áreas de interesse: luxação do ombro, manguito rotador, capusulite adesiva, fraturas no ombro, tendinite e bursite no ombro, tendinite calcária, fraturas no cotovelo, ombro congelado, epicondilite, luxação acromioclavicular, lesão SLAP, lesão labral, artrose do ombro, artroscopia do ombro, prótese de ombro, artroscopia de tornozelo, lesão do bíceps.

Problemas Comuns

Conheça os problemas comuns que acometem o Ombro e o Cotovelo. Saiba tudo sobre: lesão do manguito rotador, capsulite adesiva do ombro, tendinite e bursite no ombro, luxação do ombro, fraturas do ombro, tendinite calcária do ombro, luxação acromioclavicular.

 

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Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado

Leonardo Cavinatto

 
 

O Que é Capsulite Adesiva e por quê ela ocorre?

Alterações no ombro causadas pela capsulite adesiva

Alterações no ombro causadas pela capsulite adesiva

Capusulite Adesiva ou Ombro Congelado é uma doença que se caracteriza pela dor e pela perda da movimentação na articulação do ombro. O processo da doença envolve o espessamente e a contratura da cápsula articular e das estruturas ao redor da articulação do ombro, e por isso ocorre dor e limitação dos movimentos. Antes da cápsula espessar e contrair, ocorre um intenso processo inflamatório local, e é essa a razão da dor.

A doença acomete aproximadamente 3% da população e é mais comum em mulheres entre 40 e 60 anos de idade, apesar de também poder acometer homens e pessoas de outras faixas etárias. O ombro contralateral (do outro lado), pode desenvolver a doença em até 20% dos casos.

Não se sabe ao certo qual a causa da capsulite adesiva, mas uma das hipóteses é que fatores auto-imunes estejam envolvidos, e por isso ela é mais comum em pacientes diabéticos e em pacientes com doenças da tireóide. Sabe-se também que fatores emocionais podem estar envolvidos na gênese da doença.


 Como se comporta a doença e quais são os sintomas?

A doença, basicamente, está dividida em 3 fases: inflamatória, rigidez e descongelamento.

A primeira fase da doença (inflamatória), dura de 3 a 6 meses e se caracteriza pela inflamação da cápsula e das estruturas ao redor da articulação do ombro. Nesta fase, o sintoma principal é a dor, que se inicia de forma leve, mas pode progredir para uma intensidade mais forte. Tipicamente, os pacientes descrevem esta dor como apenas um desconforto no ombro quando o braço está parado, mas que piora muito na tentativa de realizar movimentos com o braço, principalmente os movimentos bruscos. Frequentemente, os pacientes também se queixam de dificuldade para dormir em função da dor no ombro. Nesta fase, a Capsulite Adesiva pode ser confundida com outras doenças em que a dor no ombro é o sintoma principal, como bursites e tendinites, e é importante a avaliação do paciente por um profissional competente e habilitado.

A segunda fase da doença (rigidez), dura de 4 a 12 meses. A dor, que antes era o principal sintoma, tende a diminuir. A movimentação do ombro, porém, fica restringida, e simples atividades como coçar as costas ou pentear o cabelo podem tornar-se tarefas difíceis. A dificuldade para dormir ainda pode ser um problema.

A última fase (descongelamento), tem uma duração muito variável, e pode durar meses ou até anos. A limitação da movimentação do ombro vai gradualmente voltando ao normal com o decorrer do tempo. Uma pequena perda ao final do movimento, no entanto, pode persistir.


Como fazer o diagnóstico do ombro congelado?

Quando a doença encontra-se na primeira fase (inflamatória) e o paciente apresenta principalmente dor no ombro, mas ainda não apresenta limitação da sua mobilidade, a doença pode ser confundida com uma bursite ou tendinite do ombro e até com uma lesão do manguito rotador, mesmo com a complementação de exames de imagem. Apesar de nesta fase o diagnóstico não ser fácil de ser feito, detalhes no exame físico e nuances na história, complementados por exames de imagem, pode levar à detecção da doença ainda em seu estágio inicial.

Quando a doença já se encontra numa fase mais avançada, na qual o ombro apresenta uma diminuição da amplitude de movimento (está rígido), o diagnóstico pode ser feito de forma mais descomplicada. Entretanto, cabe ressaltar que o diagnóstico é feito sempre a partir da história do paciente, exame físico e exames de imagem complementares. A capsulite adesiva não é a única doença que causa dor e rigidez no ombro. Outras patologias, a exemplo da artrose do ombro, sequelas de fraturas ou aderências pós-operatórias também podem apresentar quadro clínico semelhante.

Os exames de RX e ultrassonografia são úteis para afastarem outras doenças no ombro que cursam com dor e diminuição dos movimentos, mas tais exames não mostram as alterações anatômicas da Capsulite Adesiva, que são o espessamento e a contratura da cápsula. O exame de ressonância magnética, apesar de não ser indispensável para o diagnóstico, pode dar mais detalhes da doença e mostrar possíveis lesões associadas. No entanto, nem sempre vem descrito nos laudo do exame as alterações correspondentes à capsulite adesiva, que majoritariamente são alterações no intervalo dos rotadores e edema no recesso axilar. Em função disso, não é incomum o paciente com capsulite adesiva do ombro ser tratado com tendinite ou bursite.  


Qual é o tratamento para a capsulite adesiva ou ombro congelado?

A capsulite adesiva tem bons resultados com o tratamento conservador (não cirúrgico) na grande maioria dos casos e apenas uma pequena parcela dos pacientes (ao redor de 5%) vão necessitar de cirurgia.

Tratamento não cirúrgico (conservador)

Na fase inicial da doença (inflamatória), analgésicos, antiiflamatórios e compressas de gelo são a base do tratamento. Nesta fase, o paciente precisa mais do que tudo melhorar a dor e controlar a inflamação, enquanto alongamentos excessivos podem inclusive piorar os sintomas e aumentar o processo inflamatório e a duração da doença. Ainda nesta fase, medicamentos da classe dos corticóides, administrados tanto por via oral quanto por injeções intramusculares são terapias usadas para a melhora da dor e da mobilidade. Uma outra maneira de se utilizar corticóides é através de sua infiltração no espaço intrarticular. Deixar o medicamento agir diretamente no cerne da inflamação traz um alivío mais consistente dos sintomas e também encurta o tempo da doença. Estudos comparativos mostram um resultado superior da infiltração intrarticular em relação aos corticóides de ação sistêmica ( administrados por via oral ou por via intramuscular). 

Na fase de rigidez da doença, exercícios para  alongamento e ganho da movimentação passam a ser primordiais. O acompanhamento desses exercícios por um fisioterapeuta costuma evoluir com melhores resultados.

 
Infiltração intrarticular do ombro

Infiltração intrarticular do ombro

Tratamento cirúrgico

Tratamento cirúrgico

Tratamento cirúrgico

Quando a rigidez e diminuição dos movimentos do ombro persiste, apesar de exercícios de alongamentos por um período prolongado, a cirurgia está indicada. Importante salientar que a cirurgia só deve ser realizada quando o paciente já passou da fase inflamatória da doença, quando os sintomas de dor já melhoraram e a principal queixa passa a ser a rigidez do ombro. 

Quando indicado, o procedimento cirúrgico é realizado por artroscopia do ombro. Nesta técnica minimente invasiva, a cápsula e outras estruturas espessadas e contraídas são visualizadas e liberadas, e o paciente tem um ganho imediato da movimentação. Após a cirurgia, porém, para evitar que a capsula cicatrize de maneira contraída, uma boa fisioterapia torna-se necessária.